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Presidente Michel Temer começa a punir
deputados de partidos da base aliada que votaram contra arquivamento de
denúncia da PGR SÉRGIO LIMA/AFP
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O governo exonerou aliados de deputados dissidentes da base
aliada que ocupavam cargos na administração federal. As demissões até agora
envolvem apadrinhados de parlamentares do PSDB e do Centrão, grupo integrado
por PP, PSD, PR e PTB, e fazem parte da retaliação do Palácio do Planalto aos
que declararam voto a favor do prosseguimento da denúncia por corrupção passiva
contra o presidente Michel Temer.
As
exonerações começaram no mesmo dia da votação da denúncia contra Temer no
plenário da Câmara, na última quarta-feira, 2. Naquele dia, o governo exonerou
Thiago Maranhão Pereira Diniz Serrano do cargo de superintendente regional do
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
(Ibama) da Paraíba. Para o lugar dele, nomeou Bartolomeu Franciscano do Amaral
Filho.
Maranhão
tinha sido indicado para o cargo pelo deputado Pedro Cunha Lima (PSDB-PB). O
parlamentar integra o movimento dos “cabeças-pretas”, como ficaram conhecidos
integrantes da ala jovem do PSDB que encamparam o movimento a favor do
desembarque do partido do governo. Cunha Lima foi um dos 21 deputados do PSDB
que votaram a favor da continuidade da denúncia contra Temer, voto que já tinha
declarado previamente ao Placar do Estadão.
Nesta
sexta, 4, o Diário Oficial da União (DOU) traz publicada a exoneração do
engenheiro Vissilar Pretto do cargo de superintendente regional do Departamento
Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) de Santa Catarina. A demissão
foi uma retaliação ao deputado Jorginho Mello (PR-SC), responsável pela
indicação de Pretto. Mello foi um dos nove deputados do PR que votaram pela
abertura de investigação contra Temer.
Cobrança
Parlamentares que se mantiveram fiéis
ao presidente cobram do Palácio do Planalto punição a deputados da base aliada
que votaram contra Temer. Integrantes do Centrão ameaçam, inclusive, votar
contra a reforma da Previdência, caso não haja retaliação.
Para
lideranças do Centrão, se não houver punição aos infiéis, deputados da base
aliada que foram fiéis a Temer vão acabar cedendo às pressões de suas bases
eleitorais para votar contra mudança nas regras previdenciárias. Segundo um
líder do grupo, o pensamento comum dos parlamentares é: se posso manter os
cargos votando contra, por que vou votar a favor e ficar “apanhando” nas bases
eleitorais?”.
Temer
escalou aliados para mapear deputados que traíram o governo na votação da
denúncia. Os responsáveis por fazer esse levantamento serão o líder do governo
na Câmara, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), e o vice-líder Beto Mansur (PRB-SP). A
ideia é que eles procurem conversar com os deputados que prometeram que
votariam com o governo, mas que, na hora de declarar a posição no plenário,
mudaram de ideia.
Temer
conseguiu barrar a denúncia na última quarta-feira com 263 votos, mas previsões
de integrantes da base aliada apontavam que esse número poderia chegar a 300
deputados. Entre as traições inesperadas estão, por exemplo, Luiz Carlos Heinze
(PP-RS), e o cantor Sérgio Reis (PRB-SP). Os votos favoráveis ao prosseguimento
da denúncia somaram 227, menos do que os 342 mínimos necessários.
O
Povo Online